Já se Foram: Por que nossos Filhos Vão Abandonar a Igreja e o Que Podemos Fazer Para Deter Isso? por Ken Ham - resumo do livro
- 28 de abr. de 2024
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Introdução:
Em uma de suas viagens à Inglaterra, Ken visitou uma enorme igreja num domingo. Ao entrar, encontrou nela somente um pequeno grupo de pessoas de terceira idade. Ele se descobriu não em um culto, mas em um enterro. Aquela igreja estava prestes a fechar suas portas, como mais de 1.500 outras foram fechadas nos últimos 40 anos (isso de quando o livro foi escrito – 2009). Os edifícios das igrejas fechadas tornaram-se variados tipos de negócios, mesquitas, e, a maioria das que sobram, são mantidas por seu valor histórico e arquitetônico.
Após ter sido celeiro de grandes avivamentos e pátria mãe de famosos evangelistas, a Inglaterra viveu em duas gerações tal declínio espiritual que suas raízes teológicas sucumbiram. Os fundamentos foram abalados e corrompidos e, hoje, se alguém pergunta “Quem é Deus?”, escutará diversas definições. Uma percentagem muito pequena o definirá como o Deus da Bíblia, o Criador. Somente 2,5% dos ingleses frequentam uma igreja de bases bíblicas. E isso acontece porque a imigração africana tem ajudado na manutenção e até certo crescimento de representação evangélica no país.
Os Ingleses não deixaram de ser religiosos, eles se converteram a uma nova religião: o humanismo secular. Tudo começou com o aceitar e o espalhar de ideias que pareciam inofensivas. Essas ideias se transformaram em uma praga que matou a alma da sociedade em duas gerações. Hoje, a Inglaterra é considerada pós-cristã. Essa epidemia não só chegou aos Estados Unidos, mas já se espalhou de costa a costa.
Quando Começa a Erosão
Esse livro é baseado em uma pesquisa de jovens entre 20 e 29 anos que abandonaram a igreja. Foram selecionadas igrejas de cunho doutrinário seguros (pentecostais, calvinistas e tradicionais, entre 15 diferentes denominações). Um dos primeiros sinais desta epidemia foi a formação de uma visível lacuna nas Igrejas. A faixa etária dos universitários e recém-casados desapareceu quase que em sua totalidade.
Desses que saíram:
95% atendiam os cultos regularmente durante o Ensino Fundamental (antigo 1° grau);
55% atendiam os cultos regularmente durante o Ensino Médio (antigo 2° grau)
11% atendiam os cultos regularmente durante o período da faculdade.
Conclui-se que o abandono da igreja local acontece desde o ensino fundamental. Assim, percebe-se que esta epidemia os atinge mais cedo do que se pensava.
A Participação da Escola Dominical
Seria culpa da Escola Dominical? O autor sugere que durante seus anos de formação, as crianças e adolescentes estão sendo expostos a programas de entretenimento cristão e ouvindo histórias bíblicas e não sendo ensinados as bases da fé cristã e muito menos aprendendo como defendê-las.
Eis algumas perguntas propostas na pesquisa dentre os que eram frequentes à Escola Dominical:
A Bíblia possui erros?
39% responderam SIM
Deus usou evolução para criar seres humanos?
24,6% responderam SIM
Sexo antes do casamento é certo?
40,8% responderam SIM
Você crê que pessoas boas não precisam frequentar a igreja?
39,3% responderam SIM
A igreja é relevante hoje?
46,4% responderam NÃO
Você tem se tornado “anti-igreja” no passar dos anos?
39,1% responderam SIM
O mais interessante no resultado dessa pesquisa foi que: as respostas dos que saíram da igreja e não frequentavam a escola dominical foi mais positivo, mais corretos quando comparado às respostas dos que atendiam.
O autor questiona o que se deve considerar para ser feito com a Escola Dominical neste caso?
Erradicar – provavelmente não
Renovar – seguramente sim.
Sugere-se ênfase no ensino da apologética não só do espiritual e moral. Não permitir que a escola secular seja a única voz de ensinamento aos nossos filhos, pois é provável que, futuramente, ela possa levá-los a crer na evolução e no humanismo. Como o pós-modernismo ataca as bases do cristianismo, os alunos devem aprender a defendê-las.
Não delegar – a tarefa de ensinar os filhos é primordial e principalmente dos pais, e não dos professores de EBD.
Os dois grupos que saíram
Outra descoberta interessante foi que entre os que saíram havia uma divisão meio a meio em relação à sua intenção em regressar à igreja.
Eis os dois grupos e suas características principais:
GRUPO 1: Não visitam a igreja nem no Natal e não pretendem regressar nunca. Para estes, a Bíblia é irrelevante.
GRUPO 2: Visitam no Natal e na Páscoa e pretendem regressar quando tiverem seus filhos. Para esses a Igreja é irrelevante. Bíblia, sim, igreja não.
Comentário da Prof.ª Manuela:
Um ponto de acusação, em comum, entre os grupos que planeja regressar algum dia e os que definitivamente não retornarão foi a acusação da realidade de HIPOCRISIA na igreja (pregando, não se vive). Pergunto-me: isso é mesmo hipocrisia? Ou seria uma epidemia de crentes carnais?
Leiamos os seguintes textos:
Romanos 8:7-9 o texto aqui sugere que os que andam segundo a carne não tem o Espírito, ou seja, não nasceram de novo. Portanto, uma análise primária deveria ser sobre a realidade dos que frequentam a igreja de terem ou não tido uma verdadeira experiência de salvação.
1 Coríntios 3:1-3 esclarece que crentes carnais são o oposto de crentes espirituais. Brigas, invejas e divisões, bem como andar fazendo coisas que agradam aos homens, são a realidade do crente carnal.
Gálatas 5:16 nos chama a andar em espírito para não cumprir os desejos da carne. Alimentar o homem espiritual é a solução para vencer o homem carnal, cuja natureza ainda vive em nós, mesmo sendo salvos. Como alimentar? Palavra, comunhão com Deus e oração. Uma pequena porção dessa maravilhosa e saudável dieta espiritual gerará um fortalecimento extraordinário na vida diária do crente.
A hipocrisia é definida como fingimento ou dissimulação dos verdadeiros sentimentos e intenções. Entendo então ser algo consciente e proposital. Sem dúvida, existem hipócritas no meio evangélico, mas ainda acho que são uma minoria. Já crentes carnais, entendo ser a maioria da igreja ocidental hoje. Percebo no crente carnal as seguintes características:
Querem fazer o certo, o que Deus aprova, mas a carne ganha;
Sabem que estão em falta, e se sentem mal quando confrontados pela Palavra e pelo Espírito;
Estão iludidos pelo marketing dos evangelhos carnais:
Evangelho da Riqueza;
Evangelho do Sucesso;
Evangelho Motivacional; e
Evangelho da Felicidade (o certo é o que me faz feliz).
Aqueles que creem na predestinação e na perseverança dos santos – pois crendo assim, entendem que o seu destino eterno, bem como o compromisso com a Igreja e Evangelho, está fora de seu controle, o que se opõe ao descrito na Bíblia quando ela nos chama incansavelmente a tomar o controle, decidir diariamente pelo que é espiritual e correto perante a Deus.
O Curto Caminho da Irrelevância
Ken visitou o túmulo de Charles Darwin. Você pode imaginar onde está a sepultura do famoso ateu e pai da teoria da evolução? Está na igreja de Westminster em Londres. Isso prova o comprometimento do Cristianismo com o secularismo. Para Ken, a semente inicial e principal desta decadência foi a proposta científica de que a Terra tem milhões de anos e não o que a Bíblia aponta, o que seria entre 6 e 10 mil anos. Ainda que a teoria dos milhões de anos não afete diretamente o Evangelho de Cristo, Ken argumenta que ela contradiz a Bíblia, portanto ataca sua autoridade, concluindo que não ser possível confiar nela, e que provavelmente somos produtos de um processo natural.
A Igreja tem comprometido sua teologia sobre Gênesis para acomodar esse achado científico. Passou-se a reinterpretar a Bíblia pela visão da ciência secular, pondo, portanto, a autoridade do homem acima da autoridade de Deus. Ken é apologista em defesa da autoridade das Escrituras desde o Gênesis. Paralelamente a esse comprometimento, a igreja se calou sobre as verdades bíblicas que confrontam outros assuntos, contextos históricos e científicos, entregando ao mundo pagão o seu ensino. Estes pagãos veem a Bíblia como um livro místico, de contos espirituais, desconectado da realidade da vida.
A sociedade humana mudou abruptamente desde o novo século. Pregar o evangelho à nossa sociedade hoje é semelhante ao que Paulo viveu quando se pregava aos gregos, um povo gentio. Para esses, ele teve que apresentar o Deus criador (Atos 17:24). Essa realidade era totalmente diferente de evangelizar os judeus, os quais conheciam o Deus das Escrituras. Até o fim do século passado, a igreja pregava o Evangelho a um mundo cuja cultura era moldada por valores cristãos. Essa sociedade já não mais existe.
Um Chamado ao Ensino da Apologética
O foco deste livro é, sem dúvidas, um chamado ao ensino da apologética nas igrejas. Ken explica que existem duas vertentes de ciência:
Ciência observacional: observação e pesquisas, dissecam animais, botânica, usam jalecos brancos, microscópicos, buscam compreender o que é real; e
Ciência histórica: foca nas origens e ensina sobre a evolução.
Para os alunos da escola secular não há distinção entre as duas ciências. Para eles, ciência é ciência. Mas a ciência histórica aponta fatos que contradizem a fé, contradizem o que a Bíblia diz ser verdade. Qual tem sido a resposta da igreja?
Seguimos ensinando só o que é espiritual;
Ensinamos no que crer, mas não o porquê;
Não ensinamos sobre os questionamentos céticos da atualidade e a resposta bíblica para eles.
Entendendo que a igreja não é chamada para influenciar a cultura, e que os corações e mentes só são mudados pela Palavra, a Igreja deveria:
Defender a fé cristã;
Apoiar a autoridade da Palavra sem se comprometer; e
Proclamar o Evangelho.
Comentário da Prof.ª Manuela:
Seria a apologética a solução para a realidade espiritual que a igreja vive hoje e para parar o êxodo dos nossos adolescentes e nossos jovens?
Consideremos os seguintes textos bíblicos:
2 Coríntios 10:4, 5 - nossas armas não são carnais (humanas), mas sim espirituais;
Efésios 6:12 – nossa luta é contra as hostes espirituais da maldade;
1 Coríntios 1:19-21 – a solução está na loucura da pregação; e
1 Coríntios 2:4,5 – nossa fé não se apoia na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.
Com base nesses textos, concluo seguramente que a solução não se encontra na apologética.
Acredito, sim, na importância do conhecimento e defesa da fé cristã. Concordo que a apologética pode e deve ser ensinada, após o ensino sistemático e devocional da Bíblia, porém ela não é a única arma da igreja, e muito menos é a maior.
A verdade é que, para um seguimento evangélico que não vive a realidade do poder de Deus, lhes resta a apologética bíblica, como defesa da sua fé, da sua religião. Mas, devido a Deus conhecer a realidade espiritual:
prometeu o revestimento do Espírito Santo para os últimos dias (Joel 2:28,29);
Jesus mandou aos discípulos esperarem por este revestimento antes de saírem a evangelizar o mundo (Lucas 24:49); e
o Espírito Santo falando por Pedro diz que a promessa não está restringida para o povo judeu, nem para aquela geração (Atos 2:38,39).
Jesus nos exortou com sabedoria dizendo: “errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mateus 22:29). Eis a solução: ensinar e viver as Escrituras e o poder de Deus (conforme as Escrituras)!
A Tática errada que a Igreja assumiu
Perante a esta realidade, muitas igrejas decidiram restaurar a relevância cultural sem restaurar a relevância bíblica. Suas táticas são:
Proporcionar música atrativa para manter os jovens, mesmo que pela pesquisa se entende que eles saem por razões de “pregação” da Palavra;
Dar ênfase no aspecto da produção dos cultos, tornando-os um bom entretenimento;
Apresentar mensagens divertidas, superficiais; e
Priorizar mensagens que apelam ao relacional e ao sentimental.
A famosa igreja Willow Creek fez uma pesquisa interna para descobrir se seus programas estavam sendo efetivos em fazer seus atendentes crescer na fé. O resultado os chocou! Descobriram que as atividades da igreja não impactavam diretamente os frequentadores do seu compromisso pessoal para com Deus e com a igreja. A leitura da bíblia, ao nível do indivíduo, encontrou-se ter o maior impacto no crescimento espiritual do crente.
Um Chamado à Revolução
O missionário Ken propõe o seguinte:
Aos Pais:
Repassem o legado, vivam a fé e ensinem esse caminho aos filhos;
Ensinem aos seus filhos a responderem às perguntas céticas do século.
Aos Professores da Escola Bíblica
Humilhem-se diante de Deus perante a responsabilidade;
Priorizem a vida espiritual e leiam a Bíblia;
Buscarem aprender sempre – estudem apologética;
Procurem e usem um bom estudo/material;
Ensinem a história bíblica e não historinhas da Bíblia.
Aos Pastores
Reavalie sua chamada;
Simplifique e esclareça os seus objetivos;
Tenha expressividade ao definir as devidas barreiras;
Defenda a Bíblia;
Ensine a Bíblia e sobre a Bíblia;
Ensine sobre a igreja;
Diminua o fator entretenimento.
Qual a sua opinião sobre o livro? Concordou com meus comentários pessoais? Gostaria de aprender mais sobre apologética? (eu sim). Espero ouvir de você!
Deixe seu comentário abaixo, Deus abençoe!
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